sexta-feira, 29 de setembro de 2017

[História 1º Ano] Trabalho sobre Medos medievais

TRABALHO TRIMESTRAL 


CAPÍTULO IX
DO MONSTRO MARINHO QUE SE MATOU NA CAPITANIA DE SAM VICENTE, ANNO 1564
Foi causa tam nova e tam desusada aos olhos humanos a semelhança daquele fero e espantoso monstro marinho que nesta Provincia se matou no anno de 1564, que ainda que per muitas partes do mundo se tenha noticia delle, nam deixarei todavia de a dar aqui outra vez de novo, relatando por extenso tudo o que ácerca disto passou; porque na verdade a maior parte dos retratos ou quasi todos em que querem mostrar a semelhança de seu horrendo aspecto, andam errados, e alem disso, conta-se o sucesso de sua morte por differentes maneiras, sendo a verdade huma só a qual he a seguinte: Na Capitania de Sam Vicente sendo já alta noite a horas em que todos começavam de se entregar ao sono, acertou de sair fóra de casa huma India escrava do capitão; a qual lançando os olhos a huma varzea que está pegada com o mar, e com a povoaçam da mesma Capitania, vio andar nella este monstro, movendo-se de huma parte para outra com passos e meneos desusados, e dando alguns urros de quando em quando tam feios, que como pasmada e quasi fora de si se veio ao filho do mesmo capitão, cujo nome era Baltezar Ferreira, e lhe deu conta do que vira parecendo-lhe que era alguma visão diabolica; mas como elle fosse nam menos sizudo que esforçado, e esta gente da terra seja digna de pouco credito nam lho deu logo muito às suas paiavras, e deixando-se estar na cama, a tornou outra vez a mandar fora dizendo-lhe que se afirmasse bem no que era. E obedecendo a India a seu mandado, foi; e tornou mais espantada; afirmando-lhe e repetindo-lhe huma vez e outra que andava ali huma cousa tam feia, que nam podia ser se nam o demonio. Então se levantou elle muito depressa e lançou mão a huma espada que tinha junto de si com a qual botou somente em camisa pela porta fora, tendo pera si (quando muito) que seria algum tigre ou outro animal da terra conhecido com a vista do qual se desenganasse do que a India lhe queria persuadir, e pondo os olhos naquella parte que ella lhe assignalou vio confusamente o vulto do monstro ao longo da praia, sem poder divisar o que era, por causa da noite lho impedir, e o monstro tambem ser cousa não vista e fora do parecer de todos os outros animaes. E chegando-se hum pouco mais a elle, pera que melhor se podesse ajudar da vista, foi sentido do mesmo monstro: o qual em levantando a cabeça, tanto que o vio começou de caminhar para o mar donde viera. Nisto conheceu o mancebo que era aquilo cousa do mar e antes que nelle se metesse, acodio com muita presteza a tomar-lhe a dianteira, e vendo o monstro que elle lhe embargava o caminho, levantou-se direito pera cima como hum homem ficando sobre as barbatanas do rabo, e estando assi a par com elle, deu-lhe uma estocada pela barriga, e dando-lha no mesmo instante se desviou pera huma parte com tanta velocidade, que nam pôde o monstro leva-lo debaixo de si: porem nam pouco afrontado, porque o grande torno de sanque que sahio da ferida lhe deu no rosto com tanta força que quasi ficou sem nenhuma vista: e tanto que o monstro se lançou em terra deixa o caminho que levava e assi ferido hurrando com a boca aberta sem nenhum medo, remeteu a elle, e indo pera o tragar a unhas, e a dentes, deu-lhe na cabeça huma cotilada mui grande, com a qual ficou já mui debil, e deixando sua vã porfia tornou entam a caminhar outra vez para o mar. Neste tempo acudiram alguns escravos aos gritos da India que estava em vella: e chegando a elle, o tomaram todos já quasi morto e dali o levaram á povoaçam onde esteve o dia seguinte á vista de toda a gente da terra. E com este mancebo se haver mostrado neste caso tam animoso como se mostrou, e ser tido na terra por muito esforçado sahio todavia desta batalha tam sem alento e com a vizam deste medonho animal ficou tam perturbado e suspenso, que perguntando-lhe o pai, que era o que lhe havia succedido nam lhe pôde responder, e assi como assombrado sem fallar cousa alguma per hum grande espaço. O retrato deste monstro, he este que no fim do presente capitulo se mostra, tirado pelo natural. Era quinze palmos de comprido e semeado de cabellos pelo corpo, e no focinho tinha humas sedas mui grandes como bigodes. Os indios da terra lhe chamam em sua lingoa Hipupiàra que quer dizer demonio d'agua. Alguns como este se viram já nestas partes, mas acham-se raramente. E assi tambem deve de haver outros muitos monstros de diversos pareceres, que no abismo desse largo e espantoso mar se escondem, de nam menos estranheza e admiraçam; e tudo se pode crer, por dificil que pareça: porque os segredos da natureza nam foram revelados todos ao homem, pera que com razam possa negar, e ter por impossivel as cousas que nam vio nem de que nunca teve noticia. "" Medos Medievais


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terça-feira, 12 de setembro de 2017