domingo, 19 de fevereiro de 2012

Saberes espontâneos, saberes científicos e características da ciência numa visão tradicional

Que o conhecimento existe... isso é um fato. Porém suas formas e características variam.

1) Saberes espontâneos e saberes racionais
Formas de conhecimento
Será que vai chover? De onde vem esse conhecimento?


Saberes espontâneos à. Os saberes espontâneos são frutos da experiência vivida no cotidiano. As pessoas desenvolvem tal conhecimento para resolver questões corriqueiras do cotidiano.




a) Intuição
A base do saber espontâneo é a intuição (percepção imediata sem necessidade de intervenção do raciocínio)
Imagine-se perdido no meio de uma floresta. Para se localizar você precisa observar o sol e ter o conhecimento de que ele gira em torno da terra de leste para oeste! (saber espontâneo). Mas o sol realmente gira em torno da Terra?



A intuição desenvolve-se através da observação, da vivência.
Alguns saberes que a princípio podem parecer racionais são na verdade intuitivos e muitas vezes nos enganam.
História (no tempo de seus avós era mais fácil ou mais difícil de viver? Poluição em Londres 1870x2012. Criminalidade em Curitiba 1850x2012.)
Metro em Londres - 2012

Ruas de Londres - aproximadamente em 1870


Direito (Vara trabalhista... empregada doméstica e patroa reclamação... você já tem certa idéia de quem está certa...)
Frases: “Diga-me com quem andas e direi quem tu és...” geram certos saberes intuitivos e os estimulam.
Programas de TV como “Brasil urgente”, “Linha direta”...
Intuição é usada nas varas criminais com mais freqüência que o raciocínio lógico. Basta perguntar para qualquer pessoa que trabalha na área criminal se existe uma verdadeira pesquisa sobre a verdade num processo em que o réu já detiver antecedentes.
b) “Senso Comum” – sentido adotado por um grupo social sem

“Senso Comum” à Da mesma forma a expressão “senso comum” foi criada por pessoas que se julgam acima do senso comum, como uma forma de se diferenciarem das pessoas que, segundo seu critério, são intelectualmente inferiores. Quando um cientista se refere ao senso comum, ele está, obviamente, pensando nas pessoas que não passaram por um treinamento científico.

Qual é o senso comum da Ciência? O que se pensa quando se pensa em ciência?  o gênio louco, que inventa coisas fantásticas; o tipo excêntrico, ex-cêntrico, fora do centro, manso, distraído; o indivíduo que pensa o tempo todo sobre fórmulas incompreensíveis ao comum dos mortais; alguém que fala com autoridade, que sabe sobre que está falando, a quem os outros devem ouvir e ... obedecer.




c) Tradição para transmissão – São questões que permanecem pela experiência. Qual é a melhor época para plantar?
Remédio caseiros da avó. Tomar leite com manga?


Superstições: O número 13 dá azar ou passar em baixo de uma escada, provavelmente estão ligadas com certa experiência. Mas não  necessariamente as pessoas que tem superstição tiveram algum problema com escadas ou números 13.
História (História dividida em quatro. * Primeiro tem que conhecer o passado mais distante para depois conhecer o presente)
Direito (incesto e  casamentos consangüíneos não existe em qualquer sociedade).


d) Uso da Autoridade – Igreja, escola e família. Argumento de autoridade está ligado a alguma pessoa que vai transmitir a experiência da tradição para que outras sigam.
História (escola o professor é encarregado de transmitir o conhecimento certo sobre história. Aquilo que está nos manuais e apostilas é o correto sobre o passado, o professor sabe).
Direito (quem sabe o direito:? Advogado de terno, que tenha retórica, que saiba falar a linguagem erudita. E os cidadãos que tem seus direitos violados? Será que não conhecem também seus direitos?)



Uso da Autoridade – Aparelhos para difusão de saber... nem sempre precisa ser científico




2) Saberes racionais (Ciência): papel da teoria

Saber racional à Especulativo (filosófico) x Científico (Apenas uma especialização de certos órgãos e um controle disciplinado do seu uso)
Filosofia – Origem nos gregos. Pai da História sec V antes de Cristo (Heródoto – Lendas, poemas e mitos) Hipócrates (pai da medicina).
Raciocínio lógico – Todo homem é mortal. Sócrates é homem. Portanto Sócrates é mortal.
Idade média é voltada para a religião à pensamento transcendental

René Descartes (1596-1650), dúvida hiperbólica... método para pensar... “Penso, logo existo!” à a razão.
Video Muito bom!

Francis Bacon (1561-1623) conhecimento empírico (baseado na experiência) podia buscar conhecer as coisas na realidade através do raciocínio lógico. (observação) e (experimentação) 


Video bom!






O século XVIII à revolução da científica à revolução industrial à O Século XIX será o Século do Otimismo.


Experimentação empírica que surge depois da idade média e ganha ápice no  século XVII e XVIII- Saber experimental século XVIII (1701-1800).
Empírico: baseado na experiência. É preciso buscar conhecer as coisas na realidade mas com o raciocínio lógico. Razão + experimentação!
Explicação da realidade (observação) à Prova (experimentação)
Newton à Além de observar maças ele teve que criar a lei da gravidade. Que não será divina ou fruto de algo sobrenatural mas uma lei da natureza.
Século XVIII vai ser marcado pelo século das luzes... os filósofos desenvolvem suas teorias que fundamentaram descobertas (razão)
Ciência e Tecnologia triunfam no fim de século XVIII e início de XIX...
Revolução industrial – novas máquinas, novos produtos.
Revolução tecnológico na agricultura – arado, adubo, métodos de irrigação
Questão da fome! Os contos de fadas medievais mostram a diferença entre a sociedade medieval e a nossa.
Robert Darnton. O grande massacre de gatos.



Histórias que os camponeses contam.


..França no século XVIII. Versão próxima da tradição oral do conhecido "conto de fadas".

Certo dia, a mãe de uma menina mandou que ela levasse um pouco de pão e de leite para sua avó. Quando a menina ia caminhando pela floresta, um lobo aproximou-se e perguntou-lhe para onde se dirigia:

- Para a casa da vovó – ela respondeu.
- Por que caminho você vai, o dos alfinetes ou o das agulhas?
- O das agulhas.

Então o lobo seguiu pelo caminho dos alfinetes e chegou primeiro à casa. Matou a avó, despejou seu sangue numa garrafa e cortou sua carne em fatias, colocando tudo numa travessa. Depois, vestiu sua roupa de dormir e ficou deitado na cama, a espera.

Pam, pam.
- Entre, querida.
- Olá vovó. Trouxe para a senhora um pouco de pão e de leite.
- Sirva-se também de alguma coisa. Há carne e vinho na copa.

A menina comeu o que lhe era oferecido e, enquanto o fazia, um gatinho disse:
- Menina perdida! Comer a carne e beber o sangue da sua avó!
Então, o lobo disse:

- Tire a roupa e deite-se na cama comigo.
- Onde ponho o avental?
- Jogue no fogo. Você não vai mais precisar dele.
Para cada peça de roupa – corpete, saia, anágua e meias – a menina fazia a mesma pergunta. E cada vez, o lobo respondia:
- Jogue no fogo. Você não vai precisar mais dela.

Quando a menina se deitou na cama, disse:
- Ah, vovó! Como você é peluda!
- É para me manter mais aquecida, querida.
- Ah, vovó! Que ombros largos você tem!
- É para carregar melhor a lenha, querida!
- Ah, vovó! Como são compridas as suas unhas!
- É para me coçar melhor, querida.
- Ah, vovó! Que dentes grandes você tem!
- É para comer melhor você, querida!

E ele a devorou.
Desenvolvimento tecnológico através da ciência. Desenvolvimento dos meios de transporte. Graças a ciência. Máquina a Vapor. Comunicação – telegráfo. Saúde – Descoberta de bactérias e bacilos.
Século do Otimismo científico à século XIX

Modernidade (desencantamento do mundo) (previsibilidade) M. Weber. Baudrillard (1750-1950) * desencantamento do mundo; especialização; e a previsibilidade

3) Características das ciências

TRECHO EXTRAÍDO DE: ALVES, Rubem. A filosofia da Ciência;


Este é um truque de baralho que você poderá fazer com os seus amigos. É assim. Tomo 12 cartas de baralho: ás, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, valete e dama. Estas duas últimas funcionarão como 11 e 12, respectivamente. Segundo passo: organizo– as cartas sobre a mesa, como um mostrador de relógio, assim:

Terceiro passo: proponho-lhe o seguinte problema: escolha uma hora, qualquer uma. Mantenha-a em segredo. Eu começarei a bater sobre as cartas (horas), pausadamente. A cada batida minha você deverá contar, mentalmente, em silêncio, até 20, a partir do número escolhido. Assim, se você tiver escolhido 4, quando eu der a 1ª batida você contará 5; na 2ª batida você contará 6, e assim sucessivamente, até 20. Quando você contar 20, eu estarei batendo na carta que você escolheu. E você terá que me dizer “acertou”. E isto porque, embora eu acerte sempre, eu não sei quando acerto.
Você terá de acreditar em mim. Eu acerto sempre. Não há erros. O problema é: como é possível que isto aconteça? Os dados que lhe forneci são necessários e suficientes para você resolver o enigma. Tente resolver. Mas proceda logicamente. Não há truques. E explique, numa folha de papel, como é que você procedeu.
Chegamos ao truque do baralho. Se você pôs a sua imaginação a funcionar, é provável que já tenha a resposta. Lembre-se de que a pessoa que o inventou não teve o benefício do enunciado do problema e da realização prática do truque, como você. Ela teve de criá-lo a partir de sua imaginação criadora.
A letra V representa a contagem silenciosa que você fará.
O número entre parênteses, depois de V, é a hora que você escolheu. Lembre-se de que eu a ignoro.
A letra E representa os números (horas, cartas) em que vou bater.
Primeiro truque:

Quando você contou 20 eu estava batendo, sem saber, no número escolhido: 4. De novo?

Uma vez mais?

Comece a pensar do fim, da condição para que o truque funcione. Eu só posso acertar sempre, sem saber, se uma certa condição existir para todas as minhas batidas, menos as 7 primeiras. Esta condição é muito simples. Basta que o número da minha batida, somado ao número que você escolheu, seja sempre 20. É lógico. Se eu conseguir uma forma de fazer com que isto aconteça sempre, eu acertarei sempre. Imaginemos que você escolhe 12, que é o maior número do relógio. Por quantas batidas minhas, no mínimo, não há formas de você chegar até 20, na sua contagem? Por 7 batidas você não poderá chegar a 20, porque 12 e 7 são 19. Mas, e se você tiver escolhido 12? Minha 8ª batida deverá ser no 12, porque 12 + 8 = 20. Se você tiver escolhido 11, na minha 9ª batida você contará 20, por isto minha 9ª batida será no 11. Vou representar o truque, relacionando o número de ordem da minha batida com a hora em que eu bato:

O número de ordem somado ao valor da carta dá sempre 20. Você entendeu? Não? Então faça o truque mecanicamente com os amigos.
A receita é assim:
da 1ª até a 7ª batidas, bata a esmo, em qualquer número;
na 8ª batida, aponte para o 12 (dama);
a partir daí vá, sucessivamente, sem saltos, apontando para o 11, o 10, o 9 ...    até o 1.
Você acertará sempre e sem saber quando.
As ciências teriam dois elementos 
+ um Objeto Próprio
+ um método Próprio
Características das ciências sob um enfoque tradicional-positivista
a) Empirismo
b) Objetividade
c) Experimentação
d) Validade (quantificação)
e) Leis e Previsão